A Matemática e os problemas da vida
Fonte: Mundo Jovem - um jornal de ideias -
ano 50 - nº 432 - novembro/2012
“O ensino de Matemática costuma provocar
dois pensamentos contraditórios, tanto por parte do professor como por parte do
aluno: a constatação de que se trata de uma área de conhecimento importante e,
ao mesmo tempo, a insatisfação diante dos resultados negativos, com muita
frequência, em relação à sua aprendizagem.” (Gonçalo Coelho de Alencar)
A Matemática desempenha papel decisivo,
pois permite resolver problemas da vida cotidiana. Ela tem muitas aplicações no
mundo do trabalho e funciona como instrumento essencial para a construção de
conhecimentos em outras áreas curriculares. Do mesmo modo, interfere fortemente
na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento e na
agilização do raciocínio dedutivo do aluno.
Por outro lado, a insatisfação do aluno
revela que há problemas a serem enfrentados, como a necessidade de reverter um
ensino centrado em procedimentos mecânicos, desprovidos de significado para o
aluno. Há urgência em reformular objetivos, rever conteúdos e buscar
metodologias compatíveis com a formação que hoje a sociedade reclama.
Partir da vida
A Matemática tem suas raízes assentadas no
solo da vida cotidiana e é fundamental para as conquistas tecnológicas. É usada
para executar as operações elementares que a vida diária requer, para desenhar
as plantas de edifícios, para calcular a resistência dos materiais que serão
empregados em construções, para projetar os circuitos de TV e para lançar no espaço
os modernos foguetes.
No dia a dia, filhos de camponeses fazem
uma Matemática peculiar, ligada às
necessidades reais. Durante o plantio,
desenvolvem noções de geometria ao trabalho e dividir canteiros. Fazem
estatísticas e cálculos ao contar e separar sementes. Finanças, ao estabelecer
preços para produção. Lidam com volume e proporção ao estipular quantidade de adubo.
Observam regularidades no crescimento e no formato das plantas. Tudo ao seu
modo, com linguagem própria e pouca formalidade.
Na escola, esses jovens costumam levar um
choque. A Matemática que lhes é imposta mais parece grego. Trata dos mesmos
temas, mas despreza a informação que vem de casa.
Tudo em nome do cumprimento de um
currículo ultrapassado, abstrato. O resultado não poderia ser outro. O aluno
cria aversão à disciplina, não vê utilidade nem importância no que é ensinado
e, claro, vai mal.
Se alguém conhece esse fracasso, não se
culpe e nem responsabilize o estudante. “O equívoco é do modelo, não das
pessoas” afirma o professor Luiz Márcio Imenes, engenheiro civil, mestre em
Educação Matemática e autor de livros didáticos. O principal equívoco é gastar 95%
do tempo das aulas fazendo continhas. “O ensino deve estar voltado à resolução
de problemas”, enfatiza.
Estudar Matemática é importante?
O estudo da Matemática dá ao aluno
condições de interpretar situações cotidianas, permitindo que ele se insira no
contexto sociocultural e no mercado de trabalho. Também desenvolve sua
capacidade de argumentar, fazer conjecturas e propor mudanças. Permite que o
aluno, ao trabalhar com a resolução de problemas ligados à sua realidade,
desenvolva a criatividade e a crítica, estimulando o espírito da investigação e
da pesquisa, tornando-o mais
autônomo e ousado.
Mesmo com um conhecimento superficial da
Matemática, é possível reconhecer certos traços que a caracterizam: abstração,
precisão, rigor lógico, caráter irrefutável de suas conclusões, bem como extenso
campo de suas aplicações.
A Matemática faz parte da vida de todas as
pessoas, mesmo nas experiências mais simples. Por exemplo, nos cálculos
relativos a salários, pagamentos e consumo, e na organização de atividades como
agricultura, indústria, comércio, tecnologia. A vitalidade da Matemática
deve-se também ao fato de que, apesar de seu caráter abstrato, seus conceitos e
resultados têm origem no mundo real e encontram muitas aplicações em outras
ciências e em inúmeros aspectos práticos da vida diária.
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